Oitavo livro. Falaremos agora das águas. Métodos para encontrá-la, como saber se é própria ou imprópria para o consumo. Como saber seu curso e melhores métodos para levá-la até as construções. Admito, é um livro muito interessante, pois às vezes não nos damos conta do quanto a água é essencial em nossas vidas.
LIVRO VIII
A água é de suma importância para nós, seres humanos e estará mais acessível se houver mananciais abertos e fluentes. No entanto, se isso não ocorrer, deve-se procurá-la nos lençóis subterrâneos. Vitrúvio, em sua época, nos dispôs dos ensinamentos que recebeu de seus mestres e, obviamente os métodos utilizados por ele hoje já não são utilizados. "A sondagem será feira, deitando-nos com o maxilar apoiado no chão, antes do nascer do Sol, nos sítios onde quer se encontrar água (...). Naqueles lugares onde se observarem evaporações ondulantes elevando-se nos ares, aí se escavará." Para a localização dos lençóis, cavava-se e colocava-se por volta do pôr-do-sol, um vaso de bronze untado com azeite e em posição invertida. Se no dia seguinte fossem observadas gotas no vaso, certificavam de que ali havia água.
As características geológicas também devem ser observadas, pois com efeito, modificam o sabor e a qualidade da água. Vitrúvio observou que na terra negra, por exemplo, as águas possuem ótimo gosto, assim como no cascalho, no saibro, na areia carbúnculo, em rochas vermelhas e em montes e penedias, apesar de algumas características serem diferentes pelo próprio lugar de onde são retiradas.
Algumas plantas indicam a presença de água, como o junco, o salgueiro e a cana, pois essas espécies necessitam de grande quantidade de água para sobreviverem. Todavia estas plantas costumam nascer em côncavos de rios e em covas nas planícies, as quais recebem a água das chuvas e as conserva por mais tempo. Sendo assim não se deve enganar e considerar apenas aquelas que não foram semeadas, mas nasceram por si mesmas, sem ser nas covas.
As águas das chuvas eram consideradas as mais limpas, por serem filtradas pela agitação do ar. Assim fala Vitrúvio, explicando pormenorizadamente a formação da chuva e o fenômeno em si, fazendo uma breve comparação com os vapores dos banhos e falando sobre a influência dos ventos nas águas.
Sobre os rios, Vitrúvio destaca o fato de sempre as nascentes de grandes rios se originarem ao norte de seus cursos, como o exemplo do rio Nilo, que tem sua nascente na Mauritânia.
Sobre as águas quentes, Vitrúvio diz não ter propriamente uma qualidade de água quente, mas a água pode ferver por aquecimento natural, como acontece nas fontes quentes. Toda fonte quente, porém, é medicinal, pois ao ser aquecida, recebe para os males físicos e mentais uma virtude nova. Por exemplo, fontes sulfurosas restauram as fadigas nervosas, já as fontes aluminosas curam os membros do corpo quando enfraquecem por paralisia e as fontes betuminosas costumam tratar dos males do interior do corpo, através de poções que o purificam. Há também águas frias medicinais, de tipo nitroso, que purifica o intestino, águas ácidas que dissolvem os cálculos da vesícula.
Há também, na classificação de Vitrúvio, as águas nocivas, que não apresentam suficiente limpidez e são usadas somente para lavagens e outros fins; e as águas betuminosas, que jorram impregnadas de óleo, não sendo assim saudáveis, mas utilizada para banhos e nado. Há também as águas amargas, que jorrando de um solo de amargosa seiva, adquirem este gosto, assim como os frutos, pois suas disparidades de sabor se devem à terra em que são cultivados. As águas mortíferas, que ao percorrerem terras com seivas maléficas, absorvem o seu veneno, não podendo, assim, serem consumidas. Vitrúvio cita ainda, águas ineriantes, que entorpecem como o vinho; águas que curam o alcoolismo; águas que tornam insensíveis aqueles que a bebem; águas que fazem cair os dentes; águas que melhoram a voz.
Vitrúvio fala ainda da água como elemento do nosso corpo e logo depois fala sobre o método para avaliar se uma água é boa. "Se onde ela nasce ou corre não nascer musgo nem junco, nem o sítio se encontrar inquinado por qualquer sujidade, mas tiver um aspecto limpo, pode-se deduzir desses sinais que a água é leve e da maior salubridade."
A seguir, fala sobre o nivelamento das condutas, do ajustamento do nível da água e algumas leis da física aplicadas a esses assuntos. Fala dos processos utilizados na adução, distribuição de água, escavação de galerias e o emprego de diferentes tipos de cano, evitando-se sempre canos de chumbo pois são nocivos e incentivando o uso de canos cerâmicos, pois apresentam vantagens. Seu último assunto, a construção das cisternas, fala sobre as vantagens das cisternas duplas e triplas.
Seria interessante se aprofundar nestes últimos assuntos citados, os quais se encontram na integra no próprio livro Tratado De Arquitetura, no oitavo livro. Resolvi não aprofundar cada assunto pois são excessivamente teóricos.
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